sábado, 18 de setembro de 2010

Outonos e Primaveras

Outonos e primaveras...

A primavera só pode ser o que é porque o outono a embalou nos braços
Primavera é tempo de ressurreição. A vida cumpre o ofício de florescer ao seu tempo. O que hoje está revestido de cores precisou passar pelo silêncio das sombras. A vida não é por acaso. Ela é fruto do processo que a encaminha sem pressa e sem atropelos a um destino que não finda, porque é ciclo que a faz continuar em insondáveis movimentos de vida e morte. O florido sobre a terra não é acontecimento sem precedências. Antes da flor, a morte da semente, o suspiro dissonante de quem se desprende do que é para ser revestido de outras grandezas. O que hoje vejo e reconheço belo é apenas uma parte do processo. O que eu não pude ver é o que sustenta a beleza.
A arte de morrer em silêncio é atributo que pertence às sementes. A dureza do chão não permite que os nossos olhos alcancem o acontecimento. Antes de ser flor, a primavera é chão escuro de sombras, vida se entregando ao dialético movimento de uma morte anunciada, cumprida em partes.
A primavera só pode ser o que é porque o outono a embalou em seus braços. Outono é o tempo em que as sementes deitam sobre a terra seus destinos de fecundidade. É o tempo em que à morte se entregam, esperançosas de ressurreição. Outono é a maternidade das floradas, dos cantos das cigarras e dos assobios dos ventos. Outono é a preparação das aquarelas, dos trabalhos silenciosos que não causam alardes, mas que, mais tarde, serão fundamentais para o sustento da beleza que há de vir.
São as estações do tempo. São as estações da vida.
Há em nossos dias uma infinidade de cenas que podemos reconhecer a partir da mística dos outonos e das primaveras. Também nós cumprimos em nossa carne humana os mesmos destinos. Destino de morrer em pequenas partes, mediante sacrifícios que nos fazem abraçar o silêncio das sombras...
Destino de florescer costurados em cores, alçados por alegrias que nos caem do céu, quando menos esperadas, anunciando que depois de outonos, a vida sempre nos reserva primaveras...
Floresçamos.
Padre Fábio de Melo
Padre Fábio de Melo é professor no curso de teologia, cantor, compositor, escritor e apresentador do programa "Direção espiritual" na TV Canção Nova.

3 comentários:

  1. Muito linda sua idéia de postar um blog para trocar experiências.
    Tenho uma irmã, que é paciente de Marisa, chama-se Neomésia; está na cadeira de rodas , muito ausente da realidade.Foi professora maravilhosa,é irmã e mãe boníssima
    Quanto a Pe. Fabio, é uma bênção de sacerdote.Eu o acompanho na Canção Nova, tenho seus cds e dvs.
    Seguirei seu blog

    ResponderExcluir
  2. Meu nome é Therezinha.Marisa,grande amiga,me recomendou o seu blog.Pretendo segui-lo; apreciei muito.
    Abraços, Therezinha.( no primeiro comentário constou-se BOOBIE, que é meu apelido com os netos)

    Continue firme na fé.Abraços, Therezinha

    ResponderExcluir
  3. Obrigada Terezinha por seguir o blog. Trocaremos experiências sobre a vida. A Marisa tem se tornado uma grande amiga..
    Fique com Deus.

    ResponderExcluir