quarta-feira, 10 de novembro de 2010

Tratamento de Equoterapia

Gente, boa noite!
Hoje quero compartilhar com vcs sobre o tratamento de Equoterapia que faço uma vez por semana. São 30 minutos de profundo bem-estar. Desde que começei o tratamento fiquei mais apaixonada por cavalos, eles são tão dóceis, amigos de verdade e entendem o que gente fala.
O tratamento é caro. Aqui em Uberlândia tem tratamento gratuito para crianças em uma ONG.

A seguir apresento um artigo que relata a importância da equoterapia para o paciente que precisa de tratamento.

O TRATAMENTO NA EQUOTERAPIA: Apesar de existir há milhares de anos, começou a ser divulgada no Brasil, no início da década de 70, na qual os pioneiros neste trabalho formaram a Associação Nacional de Equoterapia (ANDE - Brasil), situada em Brasília - DF.

Em 1997 a equoterapia foi reconhecida pelo Conselho Federal de Medicina como uma prática terapêutica que deve ser realizada por profissionais legalmente habilitados.

É indicada nos casos de paralisia cerebral; lesões neuro-motoras (cerebral e medular); deficiências sensoriais (áudio - fono e visual); distúrbios evolutivos e/ou comportamentais; patologias ortopédicas (congênitas ou adquiridas); distrofias musculares; amputações; síndromes genéticas; esclerose múltipla; atraso no desenvolvimento neuropsicomotor; retardo mental; acidente vascular cerebral; distúrbios emocionais, de linguagem e de aprendizagem; autismo; dentre outros.

Os indivíduos que realizam a equoterapia são chamados de praticantes, isto porque estão agindo sobre o animal e, não só recebendo estímulos do mesmo.

O processo de desenvolvimento em equoterapia é feito nos seguintes programas básicos: Hippoterapia; Educação/ reeducação e; Pré-esportivo.

Os primeiros momentos são aproveitados para facilitar a adaptação do praticante sobre o cavalo e, durante este instante, a cadência de movimentos produzidos pela andadura ao passo do animal, causa uma adequação no tônus muscular oferecendo com isso, maior facilidade para se trabalhar todos os exercícios que serão realizados durante a sessão de equoterapia.

RESULTADOS: Na equoterapia a estimulação que vem do ambiente e dos movimentos oscilatórios tridimensionais do cavalo, a qual o praticante está exposto, remetem ao mesmo uma sensação totalmente inusitada, fazendo com que a espontaneidade se aflore e o prazer em estar montado em um animal que é superior ao seu tamanho em porte e altura faz com que sua auto-estima e auto-confiança aumentem (sendo que alguns praticantes conseguem conduzir o animal).

O deambular do cavalo é o mais próximo do caminhar humano, tendo somente 5% de diferença. O movimento rítmico e tridimensional do cavalo, ao caminhar desloca-se para frente, para trás, para os lados, para cima e para baixo e, pode ser comparado com a ação da pelve humana ao andar.

Os resultados obtidos com as influências da equoterapia na (re)educação motora do praticante são vistos nos seguintes fatores:

- postura de base: pois no cavalo a postura do praticante é contrária aos padrões patológicos (é dado enfoque ao método neuro evolutivo Bobath);

- solicitações cinéticas provocadas pelos movimentos do cavalo, as quais os grupos musculares de ereção do tronco são estimulados alternadamente por contração e relaxamento, em um movimento complexo, que por si, estimula a rotação do tronco e envolve outros segmentos corpóreos e os membros em seqüência ordenadas e rítmicas;

- informações sensitivas e sensoriais provenientes do sistema vestibular, dos proprioceptores dos músculos e articulações. Estas aferências combinam-se segundo o esquema dos sinais de solicitação cinética organizada pela postura do praticante e os movimentos do cavalo. No entanto, as estimulações sensoriais, visuais e acústicas, que são captadas pelos movimentos executados, contribuem para a melhor percepção espacial;

- percepção da auto-imagem, que é o resultado destas informações sensitivas e suas respostas dinâmico-posturais, seja, como esquema corporal, seja em relação ao próprio interior psico-intelectual da criança e o ambiente que o cerca;

- o efeito sobre a organização espaço-temporal faz com que a experiência cognitiva do próprio corpo e do ambiente externo leve automaticamente o praticante a uma nova ou até melhor organização espaço-temporal, proporcionando uma utilização melhor de seu componente afetivo;

- modificações na natureza psicológica: a atividade automática do sistema nervoso central, ligada em sua maior parte à vida de relação, nasce de solicitações de caráter mecânico, mas também de impulsos superiores que envolvem os aspectos emotivo e intelectual do complexo psicomotor, que se manifesta de modo parcial, por estímulos quantitativos e qualificativos. A carência de estímulos adequados pode ser uma das causa da diminuição destes impulsos.

Para o desenvolvimento deste trabalho em Fonoaudiologia, o enfoque foi dado na parte relacionada à linguagem, ou seja, nas possibilidades de desenvolvimento da mesma em um ambiente diferente dos tradicionais, que são clínicas e ambulatórios.

Com a prática da equoterapia, pode-se verificar que os praticantes quando vão para o tratamento e, enquanto estão em tratamento, sobre o cavalo, todos apresentam uma enorme satisfação em estar montado em um animal dócil e que os aceita como é. Esta alegria transforma a seriedade da terapia numa sessão em que o aspecto lúdico predomina e, portanto, a vontade de traduzir seus sentimentos em palavras ou sons, faz com que a tentativa de comunicação de praticantes que não falam ou apenas realizam alguns sons, seja feita para demonstrar seu mais nobre momento: o da comunicação, seja com o meio ambiente, com os interlocutores, com si próprio ou, até como forma de agradecimento ao animal.

Interagindo com o meio ambiente a criança aumenta sua capacidade cognitiva.

Numa visão holística, o trabalho realizado em equoterapia está intimamente ligado à Fonoaudiologia, pois além do desenvolvimento de linguagem, está sendo trabalhado também o adequamento de funções estomatognáticas e órgãos fonoarticulatórios, a melhora da qualidade da capacidade respiratória e da coordenação pneumo-fono-articulatória, o qual estaremos aprimorando estes fatores para o bom desenvolvimento da comunicação.

Estudar a relação da linguagem e o meio ambiente como favorecedor de comunicação, talvez seja um estudo que reside na linguagem privativa de situações especiais, uma linguagem codificada a qual o significado e, também, o conteúdo emocional das palavras não são só expressos foneticamente, mas em imagens.

Por esta visão, relacionar equoterapia e desenvolvimento de linguagem, refaz do laço do estudo, um nó que se desata sem esforço e apresenta uma ou mais alças - o vínculo.

Quando a criança começa a falar, ela está descobrindo sua relação com as pessoas e os objetos, a linguagem permite a ela reproduzir esta realidade.

Devemos lembrar que o papel da imitação no acesso da linguagem, também é essencial, ou seja, desde os primeiros elementos verbais de comunicação, a criança penetra na via da linguagem falada pelos seus interlocutores.E esta mesma linguagem se constituirá como modelo e referência constante.

Para que ocorra o adequado desenvolvimento de linguagem, devemos elucidar um item primordial: a maturidade neurológica. Esta maturidade neurológica depende dos seguintes fatores: mielinização do sistema nervoso; aumento da árvore dendrítica; boa alimentação e estímulos do meio ambiente.

Desde a mais tenra infância a criança é exposta a inúmeras possibilidades de interação com os ambientes ecológicos e social, bem como com seu próprio comportamento. À medida que ela se desenvolve, essas interações vão sendo gravadas e tornando mais complexo o seu comportamento conceitual, com base em controles por estímulos cada vez mais sofisticados.

Soma-se a isto, a liberdade de expressão, o aumento da auto-estima e da auto-afirmação e teremos atitudes visíveis, que vêm com o deambular do animal, como a expressão de sentimentos.

Os movimentos cadenciados do animal e a alegria de comandá-lo, fazem com que a participação ativa do praticante no decorrer da terapia tragam pontos positivos e incomensuráveis.

A equoterapia é desenvolvida ao ar livre, em ambiente no qual o praticante vai estar intimamente ligado à natureza e, ainda, montado em um animal que é superior em porte e altura; podendo comandá-lo (quando possível), é dócil e ajuda a quem necessita dele.

A equoterapia vem de encontro à necessidade de amenizar a longa trajetória destes pacientes que, freqüentemente, são acompanhados por diversos profissionais (e muitas vezes em diferentes lugares), poderem ser trabalhados por mais de um profissional, ao mesmo tempo e em um só local. A interação com o animal, incluindo os primeiros contatos, os cuidados preliminares, a montaria e o manuseio final, desenvolve ainda novas formas de socialização, confiança em si mesmo e auto estima.

Como esta forma de terapia é realizada ao ar livre, torna-se importante salientar que os pais participam de forma efetiva, pois estão vendo como é realizado o tratamento e podem avaliar o desempenho de seus filhos a cada encontro, com isto, consequentemente , há um crescimento dos pais também, que observando os avanços de seus filhos elaboram melhor a aceitação das dificuldades deles; pois percebem que o animal os aceita sem distinção.

A equoterapia proporciona, portanto, que pais, praticantes e terapeutas tenham uma relação mais próxima.

A equipe tem caráter multidisciplinar e interdisciplinar, sendo necessário no mínimo três integrantes para garantir o bom desempenho e a segurança do praticante (que é assim denominado por permanecer ativo durante todo tempo da terapia). É fundamental um auxiliar-guia para condução do cavalo e dois laterais para execução das atividades junto ao praticante.

Este tipo de terapia, por estar centrada na individualidade de cada praticante, permite que os objetivos de diferentes áreas possam ser alcançados ao mesmo tempo, ou seja, é um método terapêutico onde profissionais como o fonoaudiólogo, o fisioterapeuta, o psicólogo, o pedagogo e o terapeuta ocupacional podem atingir objetivos gerais e específicos.

"Em uma sessão de Equoterapia após trinta minutos de exercício, o paciente terá executado de 1,8 mil a 2,2 mil deslocamentos que atuam diretamente sobre o seu sistema nervoso profundo, aquele responsável pelas noções de equilíbrio, distância e lateralidade. Ou seja , o simples andar do animal faz dele uma máquina terapêutica capaz de garantir ao deficiente uma capacidade motora que ele não possuía e, assim, restituir-lhe, pelo menos em parte, as funções atrofiadas pelo comprometimento físico." ( Revista ISTO É, 16/10/96)

Na equoterapia é muito importante o processo de chegada, aproximação e despedida do animal, visto que um vínculo forte é estabelecido, pois trata-se de um ser vivo, maior em porte e altura do que o praticante e, que remete uma sensação agradável com o deambular e calor de seu corpo, pois sua temperatura é mais alta que a do ser humano.

No final da terapia a descontração e o relaxamento com a volta ao passo lento (após ter passado alguns momentos pelo trote certos praticantes), servem para que o praticante e o animal retornem ao seu batimento cardíaco normal e se despeçam.

Torna-se um ritual o abraço da chegada e o da despedida, além de carinhosos afagos no animal durante o decorrer da terapia.

* Fernanda Paula Ribeiro dos Santos é Fonoaudióloga e sócia do Centro Equoterapia Paraíso

Revista CEFAC - Atualização Científica em Fonoaudiologia; volume 2, no.2, 2000 pg 55 a 61.

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